domingo, 9 de março de 2025

ora chove, ora faz sol

08-03-2024

Querido Zé, bem sei que não tenho aparecido, e desta vez nem me dei ao trabalho de ir ao post anterior ver onde tínhamos ficado, porque quero só mesmo falar do que quero falar.

Estou um misto de muitas coisas, continúo a estar bastante auto-impressionada com a quantidade de coisas que têm acontecido e vou gerindo, devagarinho. Nunca fui uma pessoa que geriu tão bem o stress como agora, depois da estupidez do Líbano e da intensidade da importância de coisas que aconteceram neste início de 2025. Sendo que a mais importante - o amor - não geri nada bem, perdi o controlo da coisa, e estraguei tudo. É muito frustante para uma pessoa como eu, assumir que o inconsciente e a nossa mente e corpo quando querem tomam o controlo, mesmo que não percebamos que está a acontecer ou porquê. Já lá vamos. 

Começo o trabalho novo na segunda-feira, e venho cá hoje escrever porque eu sei lá quem será a Pipa daqui a um par de semanas. Mudei sozinha para uma casa em Campo de Ourique, e passei a semana em mudanças-limpezas-arrumações-compras-carregar cenas, deu muito mais trabalho e custou muito mais dinheiro do que esperei, mas é assim. Estou felicíssima de ter o meu espaço ao fim de 2-3 anos sem sequer ter um quarto fixo, e logo uma casa inteira com 2 quartos e escritório! Porém este plano foi pensado para ser com o T, e há momentos, nos poucos que tenho tido de pausa e reflexão no meio deste reboliço, que ele não estar aqui é uma grande tristeza. 

A quinta vai avançando, já fiz as pases com ter-se tornado um negócio temporariamente, e já estou muito menos assustada com a dimensão de tudo isto. Matemática é matemática (com os piores indicadores e uma grande margem de erro, vai ser muito difícil o negócio não se pagar a si mesmo num período 5-10 anos), e acho mesmo que aquelas casinhas e quartinhos se vão alugar que nem pãezinhos quentes.

No geral, estou bem. Incrédula com a intensidade da vida. Com a muito real perceção que a vida passa mesmo rápido, que é tudo mais ou menos presumível daqui para a frente, e mesmo que não seja é tudo semi rápido.

Dizia acima que na componente mais importante fiz merda... o amor. Sinto-me horrível pelo que fiz, confusa por não perceber o porquê, e absolutamente frustada e zangada por não ter feito de propósito e ter que lidar na mesma com as consequências. O T chegou a Portugal, e em 24-48H depois toda eu o rejeitou. A pessoa que eu achava que ia ser the-one, de repente era difícil olhá-lo nos olhos. Tudo o que ele fazia me causava irritação, não queria tocar-lhe, não queria mais ser querida ou tê-lo por perto. 

Faz amanhã 1 semana que ele se foi embora, duas semanas depois de chegar (ele vinha sem bilhete de volta). Acho que perdi a cabeça e sinto que cometi um erro gigante, a maior parte de mim só quer que ele volte. Quer que tentemos de novo depois das aprendizagens que tivemos, como resultado das conversas que fomos tendo nos últimos dias em que abrimos o livro e pusemos todas as cartas na mesa. Mas uma pequena parte de mim está aterrorizada com a possibilidade de 1) o que senti foi real e ele não é the one, 2) magoá-lo de novo, 3) I am fuckin broken. 

Os meus amigos mais próximos dizem com alguma ligeireza que eu me auto-sabotei. Que tenho feito isto em várias relações. Que quero a perfeição e portanto atiro-me de cabeça, e depois deito tudo fora. O Pedro morreu depois de eu terminar a relação, que na altura tinha ainda muitas dúvidas, mas hoje percebo que ele não era a pessoa indicada para mim. Com o T tenho tudo a toldar-me o juízo, não consigo perceber/ decifrar/ confiar no que sinto, não sei nada de nada! E não posso fazer merda outra vez... pressure's on.

Nos últimos 2 dias tenho encontrado algum conforto nesta idea de que o inconsciente tomou posse porque eu acusei muita pressão quando achava que estava prontíssima, e isso quer dizer que não foi de propósito, que estou meio avariada, e que o problema foi identificado e pode ser resolvido, e o melhor: há uma chance para mim e para o T. Morro de saudades, mas nem consigo perceber se é attachment, se é o facto de continuar a querer uma relação sólida. Ele está ali, disponível, checks all the boxes, amamo-nos, funcionamos, somos amigos incríveis... mas a minha rejeição foi tão física e abrupta que me levou a querer que ele fosse embora e acreditar que tudo isto foi um erro. A acreditar que as red fags/ coisas que não gostava tanto nele/ coisas que o fazem ele tinham sido ignoradas, e agora que ele estava em PT pronto para começarmos uma nova vida juntos, eu não queria esta pessoa ao meu lado. 

Sinto-me uma idiota, não sei para que lado me virar, e na segunda-feira começo um trabalho novo que me vai tirar muito da minha zona de conforto! Uma nova página super nova na minha vida. Num grande timing no mundo humanitário, porque desde que o Pato Donaldo cancelou todo o financiamento humanitário dos EUA, cada missão está a colapsar à sua maneira. Nós humanitários que, na incerteza da modalidade da profissão de andar a saltar de missão em missão, tínhamos sempre as costas mais ou menos quentes de que haveríamos sempre de arranjar um trabalho, e de repente há centenas de pessoas desempregadas, operações e projetos inteiros cancelados... big drama. Tive muita sorte com os meus timings, sou muito grata. Até porque eu estava cheia de FOMO de perder o comboio da corrida ao poder e ao crescimento, de me esquecer de como fazer CCCM, e agora a confusão e incerteza é tal... que estou só contente por ir iniciar esta nova fase da minha vida. 

Para o bem ou para o mal, isto é a minha nova realidade, pelo menos temporariamente. Vou assentar, vou ouvir-me, vou ter uma rotina, vou estar em Portugal e ser esta pessoa que desejei muito ser. Não sei como vou gerir os 22 dias de férias, o horário das 9 às 18h, o dress-code business corporate, o trabalho no geral. Mas sei que estou pronta. Foi isto que pedi, foi isto que recebi, agora é ir em frente. Qual a pior coisa que pode acontecer?

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